Esta
semana lembrava como tenho deixado para trás meu diário, me ocupando
sempre de outras páginas da Internet. E por fim meu esposo hoje me
perguntou: E o teu diário, não escreve mais nele? Eu disse que
sempre tenho lembrado e também logo lembro de minha cara Madrinha,
ela que tanto me incentivou a escrever e acreditou no potencial
de minha imaginação em letras...
Hoje
compartilho este texto que encontrei no facebook de Beatriz
Franco que tanto tem a ver comigo, pois a vida já me apresentou tantas
ocasiões diferente da minha faculdade de pedagogia. Precisamos ser
feliz e mais fraternos aonde estamos... Cyntia
Me
descobri preconceituosa. Eu, que defendo tanto a igualdade de
gêneros, de cor, de religião, que tenho amigos gays, nordestinos,
evangélicos, jovens, velhos, com dinheiro e sem, até coxinhas e
petralhas! Vários tipos de rótulos.
Explico:
Nos últimos meses, minha área de trabalho – como muitas – está
muito ruim. Em quatro meses não consegui quase nada. Então, depois
de meses me enterrando num sofá perdendo tempo, vida e dinheiro,
surgiu a oportunidade de ajudar uma amiga atendendo clientes em sua
loja de doces. Quatro vezes por semana, período da tarde,
remunerado. Uma boa forma de ocupar a cabeça, sair de casa e ter
algum dinheiro. Foi aí que veio o primeiro julgamento: Eu,
balconista? Jornalista, três idiomas, currículo em comunicação,
trabalhando de touquinha na cabeça servindo os outros? Foi difícil
tomar essa decisão, mas aceitei, estou precisando.
Dias
depois, a cena durante a tarde, limpando uma das mesas, ouvi dois
clientes conversando: “Coloco acento em ‘tem’? Mudou com a nova
ortografia?” “Não sei. Não entendo.” E eu ali me remoendo pra
dizer “eu sei, eu sei!!!”. Mas, eu era só uma atendente e eles
não iriam acreditar que eu sabia. Depois a barreira seguinte:
conhecidos e colegas antigos entrarem na loja e me verem nessa
função. “O que eles vão pensar? Eles não sabem como cheguei até
aqui, que a dona é minha amiga, vão pensar que não dei certo na
vida.”
Dá pra
entender como isso é errado??? Era com essa inferioridade que eu via
os outros atendentes, balconistas e nunca tinha percebido! Sentia
vergonha por estar em um trabalho honesto, justo, que traz alegria
para as pessoas, que auxilia os outros? Eu deveria é ter vergonha de
mim por pensar assim, por tanta falta de humildade e empatia.
Por um
preconceito idiota eu ia perder a chance de conhecer tanta gente nova
como nas últimas três semanas, de ouvir tantas histórias de vida
como sempre gostei de fazer, de aprender um novo trabalho, de ajudar
uma amiga, de ter dinheiro pra comprar uma nova bicicleta, pra ir no
casamento de uma amiga em outra cidade, de viver! Em tão pouco
tempo, esse trabalho que eu achava tão inferior já me ajudou a
estar mais feliz, disposta, a ter novas ideias, entender como uma
pequena empresa funciona, a buscar cursos para aprender mais.
Como
dizia meu avô: A vida não é como a gente quer, é como ela se
apresenta! Então, estou aqui aceitando com muito amor e gratidão o
que me foi apresentado. Aceitando novas formas de crescer e evoluir
com, por enquanto, um preconceito a menos. Hoje, estou aqui,
jornalista, tradutora, professora de idiomas, aprendiz de gestora e
sim, atendente de um ateliê de doces. E o que mais precisar, a gente
aprende a fazer também! E, modéstia à parte, eu tbm fico linda de
touquinha!:p
Esse
textão é pra tirar de uma vez essa vergonha de mim, para agradecer
pela confiança e apoio dos queridos amigos Veronica, Bruno e Felipe, pelo empurrão dos meus pais Edna e Orlando e,
talvez, se não for me achar muito, ajudar alguém a fazer a mesma
reflexão e dar um passo à frente se for o momento.
Beatriz Franco
Beatriz Franco