Sábado, 20 de agosto de 2016.
A
Internet estar aí a todo vapor! A cada instante são publicadas
fotos, artigos, vídeos de uma maneira bem acessivo a todos. Na
Internet todos tem o mesmo espaço e direito de expressão, só basta
dominar um pouco o teclado e algumas ferramentas necessárias do seu
computador. Enfim, cada vez mais as pessoas vão colando nas redes
socais seus sorrisos e derrotas, pensamentos e argumentos, bons
vídeos formativos ou outros banais que tomam nosso precioso tempo sem
percebermos.
Cada
vez que damos nossa cara nas redes sócias, revelamos nosso caráter,
timidez, simpatia, arrogância, simplicidade, beleza, etc. Com o tempo
vamos nos acostumando a ser assim, escrevendo, batendo foto,
revelando aqui e ali, para publicar na Internet. Mas o computador
nunca substituirá um abraço, um sorvete juntos, um olhar diferente
em um ônibus apertado ou em uma rua movimentada. Estamos saindo de
casa o menos possível, pois a insegurança nos atrai para uma
realidade virtual que nos diz que ali existe pessoas que podemos nos
relacionar como quisermos, camuflados ou não, e até encontrar um
novo olhar a distância com palavras de atenção, admiração,
sintonia.
Parabenizo
os fotogênicos, sorrisos congelados em fotos, fotos e mais fotos, sem
medo, preconceito, timidez. Vejo cada olhar e corpo exuberante e
imagino como será sua voz, seu jeito de sentar, andar, estudar,
trabalhar, coisas que fotos não revelam. Fotos congelam momentos!
Fotos é como brincar de estátua sem emoção de rir quando alguém
se mexe. Também na Internet vejo tantas imagens belas, lugares
lindos, árvores que nunca sentirei o frescou de sua sombra ou poder
subir em seu galho como fazia quando era criança. Gosto muito de
árvores e de Rubem Alves que sempre escrevia com maestria sobre
elas. Árvores tem galhos que podem sustentar um balanço, uma rede e
nos dar bons frutos. Pela Internet já conheci tantas frutas que
nunca senti seu sabor, seu cheiro e muito menos palpar. Conheci
também tantas pontes que nunca pisei, tantos sorrisos que mesmo
passando uma alegria ou palpitar mais forte no meu peito, deixei esse
sentimento isolado em algum canto da tela como arquivo passado que
não se abre mais.
Lamento
que a Internet não nos faz viver com intensidade, pois não podemos
compartilhar ao vivo e a cores o que tentamos transmitir nas redes
sociais pela própria lei da natureza do tempo e espaço. A Internet
nos faz sentir um no meio de tantos, tantos que nunca sabemos quantos
e como são, como tantas frutas, lugares, livros que existem para
serem vividos, saboreados, conhecidos! Além do tempo e espaço,
somos também limitados em nossa energia física, psíquica e
emocional, e não podemos abraçar o mundo com as pernas e nos
relacionar em massa na mesma qualidade que pessoalmente. E qualidade
conta mais que quantidade, sempre!
Pessoalmente
com qualidade podemos pouco, muito pouco. E ao recorremos a Internet,
buscamos superar nossos limites, abranger mais gentes, mesmo sem
conhece-las de alguma forma, muitas vezes insignificante. Tenho
significado para mim mesmo e para aqueles que fazem parte do meu dia,
semana, pessoalmente! Sempre me pergunto: Para quem estou servindo meu tempo, meus
olhares, cheiro, calor, sorriso? Não posso concentrar minhas
energias do meu único dia, hoje, em realidades virtuais em massa que transmitem valores diversos aos meus. Quero buscar sorrisos e fotos
que se movimentam em meu lar, na porta do supermercado, no trabalho,
nas ruas. Quero ser rede social onde estou e com mais atenção as atuais companhias reais com meu olhar, falar ou até
discutir se for preciso. Além do computador, nossos
celulares também muitas vezes nos faz perder relâmpagos de desejo e
satisfação por estarmos concentrando nossas energias mais uma vez de
cabeça baixa na telinha, com dedos e mente super ocupados!
Cyntia
Candela
“A internet não seleciona a informação. Há de tudo por lá. A Wikipédia presta um desserviço ao internauta. Outro dia publicaram fofocas a meu respeito, e tive de intervir e corrigir os erros e absurdos. A internet ainda é um mundo selvagem e perigoso. Tudo surge lá sem hierarquia. A imensa quantidade de coisas que circula é pior que a falta de informação. O excesso de informação provoca a amnésia. Informação demais faz mal. Quando não lembramos o que aprendemos, ficamos parecidos com animais. Conhecer é cortar, é selecionar”. (Umberto Eco)